Atuação profissional e empresarial
Tendências para a atuação profissional na construção civil
Nos últimos tempos, a construção civil tem enfrentado novos desafios. Vejamos aqui as principais tendências para a construção civil na próxima década.
Em um primeiro momento, empresas e profissionais devem se preparar para os desafios da sustentabilidade e das certificações ambientais, pois como em qualquer outro segmento industrial temos nossa parcela de responsabilidade de impacto no planeta.
Abre-se, portanto, oportunidades de negócios em sistemas e materiais construtivos sustentáveis, como também a restauração, manutenção e retrofit em edificações abandonadas e sem uso. Além de maior atenção a projetos de telhados verdes, agricultura integrada as obras e a redução da poluição em espaços urbanos.
Outra tendência atual será a adaptação dos profissionais da construção civil as novas tecnologias em hardware e software – essa adaptação impactará a todos na cadeia produtiva da construção civil. Expressões como:
Segurança digital – partindo do pressuposto que as obras estão fisicamente distantes da empresa de construção civil, a internet é imprescindível nos dias de hoje; porém, mesmo com as vantagens da troca de informações entre as obras, a construtora e seus parceiros, o uso da internet para troca de informações sigilosas pode fragilizar a confidencialidade dessas mesmas informações;
Realidade virtual e aumentada – principalmente no mercado imobiliário para a apresentação de novos lançamentos no mercado, entretanto, indiretamente, tais possibilidades irão viabilizar o gerenciamento da execução, inclusive o planejamento do canteiro de obras;
Redes neurais – são sistemas de computação inspirados nas sinapses entre neurônios no cérebro humano, ou seja, ligações entre neurônios artificiais dentro de uma máquina. A máquina que aprende (machine learning) cada vez mais através do aumento do fornecimento de informações, suas agregações e relações. Um termo relacionado a máquina que aprende é Inteligência Artificial, e pode sim influenciar definitivamente a construção civil e a empregabilidade em um futuro breve;
Big Data Analytics – análise de uma grande quantidade de dados disponíveis, transformando-os em informações relevantes nos negócios. Sem essas análises, dados são apenas dados e sem suas conexões ao negócio, não tem nenhuma serventia;
Data Science – a ciência de dados analisa de forma interdisciplinar, metodologias, processos, algoritmos e sistemas para extrair conhecimento de dados. Portanto, está relacionada ao Big Data Analytics e as redes neurais;
Internet de todas as coisas – o IoE trata da comunicação entre as máquinas, com tomada de decisão automática. O processo mais comum nos dias de hoje é a conexão entre um computador e sensores de decisão;
Robotização na construção civil – a utilização de robôs na construção tem ganhado espaço na obra. Alguns são chamados de robôs construtores, que assentam tijolos executando paredes e outros instalam dry wall entre outros sistemas construtivos. Temos veículos não tripulados como caminhões basculantes e equipamentos não tripulados como a retroescavadeira, que conseguem ler as cotas e escavar precisamente terrenos. Drones começam a influenciar as inspeções de obra e o uso de EPI´s pelos operários e até ser o meio das visitas dos clientes em obras. As impressoras 3D de edifícios podem construir prédios mais rápido e com menores custos. Robôs scanner tem feito medições nos locais de obras, principalmente as obras existentes que necessitem de reformas, com grande precisão para o desenvolvimento de projetos;
Projeto warehouse – é um sistema que armazena dados de forma estruturada, favorecendo a geração de relatórios gerenciais e estratégicos que facilitam a tomada de decisão. É claro, os projetos de warehouse podem colaborar na indústria da construção civil que é influenciada por diversas variáveis que dificultam a gestão, inclusive desde a fase de escolha de um terreno para uma futura edificação. Logo, está relacionada ao Data Science, ao Big Data Analytics e as redes neurais;
Sistemas de informação geográfica (SIG) – integra informações gerais de determinada localização, permitindo a geodecisão, ou seja, a análise e a decisão estratégica com base na escolha de determinada localização, qual é a população local, sua renda, escolaridade, segurança, desenvolvimento industrial e comercial, condições climáticas, entre outras informações;
Pré-fabricação – o Brasil precisa avançar na industrialização da construção civil, e a pré-fabricação é um desses caminhos. Para alcançar a plena industrialização é necessário um maior empenho das entidades do setor, empresários e governo. Normas, especificações e projetos devem ser pensados e desenvolvidos, mas a questão primordial é a qualificação da mão de obra que precisa se adaptar aos novos processos construtivos visando a profissionalização e a manutenção dos empregos;
BI (Business Intelligence, ou em português, Inteligência Empresarial) – integrando todos os setores da empresa que o aplica, fornecendo informações precisas para a boa administração. O BI só funciona se houver por parte da empresa construtora a integração da gestão de negócios com a gestão da informação. A gestão de negócios toma decisões assertivas rapidamente através de uma boa gestão da informação, consolidada através de soluções de TI (tecnologia da informação). O BI chega a estruturar decisões analisando clientes, tendências e mercados, e assim as oportunidades de negócio. Portanto, o BI está relacionado ao projeto warehouse, ao Data Science, ao Big Data Analytics e as redes neurais;
BIM (Building Information Modeling ou Modelagem de Informações da Construção) – trata-se de uma das maiores mudanças de paradigma na construção civil nos últimos tempos. Os projetos de uma obra são desenvolvidos holisticamente de forma integrada, permitindo uma visão mais abrangente da execução da obra, visualizando simultaneamente arquitetura, estruturas, instalações, canteiro de obras, cronograma, orçamento, sustentabilidade, manutenção, segurança e saúde operacional.
Finalmente, outra nova tendência e exigência aos profissionais da construção civil é o saber trabalhar e se comunicar de lugares remotos, exigindo competências digitais em função da recente pandemia. É, portanto, uma nova realidade de globalização de partes das funções realizadas por profissionais da área. Projetos, orçamentos, cronogramas, planos diversos e reuniões podem ser realizados remotamente, o que se tornará em breve, uma exigência para os jovens profissionais entrantes no mercado de trabalho, portanto, uma maior concorrência.
Logo, certificações ambientais, tecnológicas e digitais vão avaliar os futuros profissionais após pandemia. Os alunos, hoje em uma realidade de ensino remoto, deverão se familiarizar com esta realidade e se preparar para concorrência de outros profissionais mais bem preparados e de outros países, dos lugares mais remotos do mundo.
Nos nossos próximos textos, vamos explorar cada um dos tópicos acima elencados!! Até lá!
Profa. Dra. Fernanda Maria Pinto Freitas Ramos Ferreira
Profa. Faculdade de Tecnologia de São Paulo e do PECEGE-ESALQ-USP
Consultora da ANA – Alvarenga Neto Academy
Excelente artigo!
Nada como ter uma visão das tendências, elaborada por alguém conectada com esse ambiente!
Parabéns pela clareza e pela didática!
Obrigado Luiz!